Babalawo de Orunmila Ifayoju Otura Tiyu
Iniciei a minha busca pela atividade religiosa aos 17 anos, frequentando uma casa de Umbanda de prática familiar. Gostei tanto, que acabei “vestindo o branco”. Participei ativamente das atividades do centro, mas sem manifestar a incorporação de espiritualidades. Na ocasião, não entendia o motivo de não acontecer, em razão da minha dedicação.
Por questões particulares, tive que seguir outros caminhos. Cheguei a frequentar, como assistente, um centro de mesa kardecista, o que muito me agradou pelos ensinamentos que obtive. No entanto, também não consegui dar continuidade, pois tinha que realizar constantes viagens por razões profissionais, o que me desviou da frequência.
Tive ainda uma rápida passagem pela AMORC, Sociedade Rosa Cruz, onde obtive a oportunidade de estudar as monografias de portal de neófito, muito interessantes e com grande conteúdo de ensino. Mas também não dei prosseguimento, pois meu coração buscava outras formas de filosofias espirituais. Eu tinha que continuar buscando.
Depois de um tempo, passei a visitar uma casa religiosa em Santa Cruz da Serra, no município de Duque de Caxias/RJ, que mesclavam práticas de Umbanda com o culto de Nkisis de Angola, com obrigações de feitura. Casa muito boa de participar, cresci muito ali.
Fui suspenso em ritualística apropriada como Ogã de Dandalunda da mãe de santo do ashé, mas minha confirmação foi realizada por fundamento de Ketu, com o Orisha Airá, na mesma casa.
E, ainda não me sentindo realizado quanto ao conhecimento que buscava para a minha realização religiosa pessoal, dei novamente continuidade às minhas buscas nesse objetivo. Também agreguei muitos entendimentos nessa casa, dos quais sou agradecido.
Todavia, me sentia muito acelerado, quente por dentro, e esse também se tornou outro motivo para buscar respostas para essas sensações internas.
Participei com a minha esposa de um evento de “Encontro de Casais” e permaneci por quase um ano no grupo de estudos. Embora tenha gostado de compor e aprender um pouco da doutrina Católica, não senti que esse era o efetivo caminho que buscava, e retornei às andanças.
Determinado dia, por contatos com praticantes, tive a informação sobre o culto de Ifa, e passei a pesquisar e avaliar sobre as formas das Escolas Nigeriana e da Diáspora Cubana.
Finalmente, por razão de afinidade, optei por buscar minha iniciação em Ifa pelo processo filosófico religioso do Ifa de Cuba.
Na cerimônia iniciática de awofakan (iniciação da primeira mão de Ifa), quando revelado o Odu de existência e essência do encarne, tive a revelação da minha missão e destino de vida. A partir desse momento, consegui esclarecer as minhas dúvidas sobre as questões espirituais que tanto busquei. Bem como, obtive a revelação do meu orisha de arquétipo de ori pelo processo preciso do oráculo de “ikin opon Ifa”, dos 256 Odus totais existentes.
Sou filho de Oshosi, embora a energia de Airá seja uma frequência energética muito presente na minha vida.
E, como o meu Odu (existência de essência) de awofakan era de vibratória individual acelerada, compreendi o motivo de me sentir quente. Entendi que o elemento “fogo” do orisha Airá me acelerava ainda mais, dentro da minha própria natureza e essência acaloradas. Essa iniciação de primeiro patamar em Ifa ocorreu no ano de 2002.
Obtidos os informes esclarecedores por Ifa, tomei conhecimento do meu caminho de missão sacerdotal e me tornei um Sacerdote Babalawo em 28/03/2003.
Recebi de Orunmila (orisha testemunha do destino – senhor do oráculo de Ifa) o nome de Ifayoju e o Odu Otura Tiyu como o da minha essência espiritual existencial.
Dessa forma, percebi que foi fundamental ter efetivamente participado anteriormente de outros segmentos de religião e conhecer suas filosofias. Visto que, como Ifa é de aceitação de cultura espiritual religiosa universalista, eu precisava ter a concordância desses valores variados e agregá-los para ter os devidos entendimentos e interpretações dos caminhos da egrégora ocidental da Diáspora Cubana de Ifa.
Em certos momentos podemos não entender “as voltas do mundo”, mas as respostas com Ifa sempre se apresentam.
Iboru Iboya Iboshishe.
Wladimir Bittencourt
Babalawo de Orunmila Otura tiyu
Muito bom poder saber de sua história e ainda mais com fotos! Estou muito contente!!
Muito obrigado, Barbara!
Muito linda sua trajetória!
Axé Babà
É Dayalla, foram caminhos necessários de percorrer, mas como diz Ifa no Odu Irete Yero, quem chega a casa de Ifa foi Orunmila quem conduziu.
Esforços e sacrifícios são necessários, e agregar culturas enriquece a prática.
Esteja em paz.