DEIXAR DE SER ELO DE PAPELÃO
Todos temos fraquezas e é normal que elas existam e se manifestem.
Todavia, a parte mais negativa dessa questão é a de fechar os olhos para a percepção delas, e ignorá-las. Não somos perfeitos, e achar-se autossuficiente é o lado negativo dessa moeda “caráter/personalidade”. Quando as falas internas se sobrepõem às externas, não damos valor às opiniões e orientações que possam ocorrer de fora, e ficamos, apenas, acorrentados e mergulhados nos nossos prismas de visão, não aceitando o que possa vir como auxílio orientativo do externo.
Esse mundo de verdade interna absoluta provoca distorções sobre a realidade vivida e dificuldades no encaixe social. Como diz Ifa no Odu Odi Roso: “o barulho do mar bravio não deixa ouvir outros sons”. A fala interna pode não ser reflexiva e até mesmo bem distorcida da verdade coletiva quando não damos ouvidos ao que devemos escutar e brigamos com as orientações mudando, de forma passional, os conteúdos, dando as interpretações para o que somente queremos ouvir e ter, e assim, nos desviamos da realidade, e caímos no mundo das ilusões internas do que não somos (mas pensamos que somos), tornando inacessíveis os atingimentos dos desejos.
Podemos considerar como sendo graves esses comportamentos de pensar e agir quando se tratam de condicionamentos educacionais culturais passados pela família, pois isso será um legado que continuará sendo repassado para as próximas gerações, repetindo-se ciclos familiares e consequentes ciclos sociais não saudáveis. Abrir-se para ouvir é fundamental, falar com entendimento para dentro também, pois as falas serão expressadas com maior equilíbrio, ou pelo menos, com maior realidade do que possa ser vivido.
Essa forma de ser ou de se achar, de se entender ser o modelo perfeito para tudo sem aceitar que possam existir outros modelos melhores, de fechar os ouvidos e olhos para essa argúcia e até mesmo “avisos da vida”, pode levar ao isolamento, colocando-se o individual acima do coletivo, com uma arrogância não percebida. Comportamentos dessa natureza levam a formação de pessoas de elos fracos em quaisquer correntes de atividades da vida (elos de papelão), embora, internamente, se entendam fortes em razão do uso de antolhos que limitam as visões e estão direcionados apenas para os próprios egos e umbigos.
Algumas pessoas podem agir com essa característica como forma de defesa, e, nesse contexto, podemos dizer que precisam abrir as portas dos cofres e saírem dessa profunda e obscura caverna, pois precisam se libertar dos medos, incertezas, inseguranças…e por aí vai. Outras, agem assim porque não se aceitam como são, e querem ser o que não podem ser e ter.
Temos em Ifa as revelações do que efetivamente somos em potenciais e limitações, mas, por vezes não é fácil termos os reconhecimentos para aceitarmos e sabermos lidar com as luzes e obscuridades do nosso interior.
Perfeição humana não existe, e todos temos os nossos diabos interiores, mas, que saibamos usá-los positivamente, utilizando o fogo desse “inferno” interno para promover as cinzas (fins de ciclos), e gerar novas vidas (transformações). Ó, Dona Quimera, por que vives escondida dentro dessas tão “capacitadas, felizes e realizadas” pessoas??!! É isso aí, ser sincero consigo leva a ser sincero com os outros.
“Ó, Sra. SINCERIDADE, ser, ter, ver ou não ser, não ter, não ver, eis a questão.” E, assim, caminhamos, e, assim, vivemos, e, assim, bebemos os vinhos, degustamos os camarões e fumamos os charutos puros de folhas inteiras (os de folhas picadas são ruins).
E, simplesmente, assim, iboru iboya iboshishe.”