Justiça e Vingança não são Sinônimos
Pelas práticas ocorridas ao longo do tempo de sacerdócio que tive a oportunidade de exercer percebi essa confusão em algumas pessoas.
Muitas delas, até mesmo, deixam de viver um novo porvir, e passam à estagnação de ficarem fixas em mágoas do passado buscando justiça e não conseguem realizar novos objetivos e metas.
São pessoas que demoram muito para as superações, e geralmente culpam os seus fracassos às traições obtidas de terceiros e da própria vida.
Isso é comum de acontecer.
Contudo, o Sacerdote Babalawo busca em seus trabalhos, com a orientação do oráculo de Ifa, direcionar as percepções dessas pessoas para novas oportunidades e objetivos de crescimento.
Ser traído pode mostrar uma falha pessoal em “dar sopa para o azar”, pois devemos identificar a condição da ocorrência dessa traição e até onde possa ter havido a nossa participação nela em ter permitido que acontecesse.
Muitos colocam no tempo a solução para as superações sem procurar entender que o tempo depende das nossas atitudes, e sem as devidas providências da nossa parte para os ajustes e retomadas para novas conquistas, talvez, sejam elas, as futuras conquistas, inacessíveis, em razão dos nossos comportamentos estagnados nas mágoas das traições.
Existem pessoas que vivem paradas e travadas na espera de uma divina e espiritual punição aos “traidores”, se alimentam disso e não conseguem evoluir, pois colocam essa questão como objetivo imediato e se esquecem de andar.
Ledo engano, visto que a justiça divina não é nossa e não ocorre conforme os nossos desejos, e sim, conforme o merecimento de ocorrer e no devido tempo de acontecer.
Portanto, redirecionar os propósitos e retomar o caminho para novos triunfos é a chave para a estabilidade e conforto após experiências frustrantes.
Nem sempre a justiça que se deseja é o real exequível e aplicável, pois, por ocasiões, o sentimento de justiça pode ser confundido com o de vingança.
Olodumare, Orunmila, Orishas e Ancestrais sãos os que sabem, portanto, fiquemos no cumprimento do nosso papel e façamos surgir e ressurgir o equilíbrio, a paz e o amor, redirecionando-nos para novos propósitos, pois nem sempre o erro está no próximo, e dessa forma pedir justiça pode ser o não reconhecimento das próprias falhas levando, então, a um tremendo e certeiro tiro no próprio pé.
Confiar e acreditar nas próprias capacidades é uma forma bem segura de superação e progresso, e somos capazes e competentes para isso. Então, façamos investir nessa fórmula de solução, porquanto, com a ajuda de Ifa, que nos direciona e ajusta vivermos com discernimento os nossos destinos conforme as nossas essências, a realização e o sucesso são garantidos.
Guardar rancor pelas dificuldades passadas, terceirizando culpas, faz travar a evolução e crescimento, portanto, devemos saber perdoar, sobretudo a nós mesmos, pois o perdão pode não libertar o agente ativo da culpa pelo estrago provocado, mas, ele permite nos poupar da amargura interna existente e vivida do fato e retida nos nossos âmagos.
Depositemos confiança no que somos e saibamos viver com racionalidade as nossas existências, visto que, ninguém poderá vivê-las por nós.
Ser vingativo não é sinal de ser justo.
Seguindo e alcançando com segurança e fé.
Iboru boya
Ifayoju – Babalawo de Orunmila Otura Tiyu