Saber pedir e perguntar ao oráculo de Ifa
Por algumas vezes, ao operacionalizar o oráculo de Ifa, me deparei com pessoas que buscavam fazer um jogo para “abrir os caminhos”.
Perguntadas sobre quais caminhos desejavam que o oráculo direcionasse para as “aberturas” requeridas, não sabiam responder. Essas pessoas depositam, tão e simplesmente, ao sacerdote e ao oráculo, a entrega dos seus problemas como um pacote repassado para um terceiro com uma carga a ser levada e resolvida para eles.
Refletindo sobre isso, podemos perceber que essas são pessoas perdidas de direção e sem a definição da ajuda que almeja e precisa.
Nessa situação, se não sabem o que aspiram e estão indefinidas de direção, então, qualquer caminho apresentado pode servir.
A falta de propósito, de programação de vida, de planejamento, de objetivo e foco são os elementos que imperam e não assentam uma escolha. As pessoas precisam, no mínimo, saber o que querem para que possam, ao buscarem a ajuda espiritual, ajudar às espiritualidades a concederem a ajuda, definindo para as energias, pelo menos, o rumo do desejado.
Abrir qual caminho? Em qual setor de atividade? O que deseja efetivamente a pessoa?
Não basta apenas pedir ajuda, pois, quem a solicita, precisa saber em que deseja ser ajudado. Com isso claro, ela mesma, a própria pessoa, já começa a se ajudar e fornecer os subsídios e direcionamento para o que precisa e deseja ser ajudada. Dessa forma, o sacerdote e o oráculo serão mais eficazes.
Colocada essa primeira fase do “saber o que pedir”, entramos na segunda, também não menos complicada, que é a da movimentação das energias. Estas, são definidas conforme o que fica direcionado pelo oráculo quando do registro da consulta.
Movimentar energias é realizar “magia”, e magia não é apenas pedir e obter.
Existem diversos fatores envolvidos no processo, sobretudo, o do “merecimento”, assim como daquilo que seja algo realmente possível/factível de se concretizar, deixando-se de lado os fantasiosos milagres e intentos impossíveis de alcance.
Magia também é o saber pedir, principalmente o que se deseja ter, e saber o que quer já é um passo adiante da magia.
Sabendo o que se quer, e utilizando com conhecimento os elementos de fundamentos e preceitos magísticos, fazemos, então, facilitar a manipulação desses elementos para o objetivo almejado. Tal conhecimento de manipulação tende a um propósito específico, e a manifestação da transformação da situação é melhor em nível de resultados práticos quando aplicados com o conjunto de condições aqui discorridos e expostos.
Dessa forma, sim, conseguiremos “abrir os caminhos”, ou tão somente, “o real caminho”.
Iboru Iboya Iboshishe
Wladimir Bittencourt
Babalawo de Orunmila Otura Tiyu